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Nasci em Minas de S. Domingos, uma pequena aldeia do Baixo Alentejo, no dia 19 de Maio de 1955. As minhas raízes são fortemente alentejanas. Cedo se revelou o meu gosto pela escrita. Comecei por escrever histórias, versos, poemas curtos mas longos no sentimento. Aos poucos foram crescendo, ganhando alma, criando à minha volta desejos, desnudando sentimentos onde encontrei muito para chorar. Quando escrever se tornou para mim uma dependência compreendi que era através da escrita que encontrava sossego sempre que sopros grosseiros de desordem invadiam a minha vida. Escrever é para mim um enorme prazer mas é também preocupação e responsabilidade: Preocupação como forma de disciplina, responsabilidade como contrapartida de uma vida livre. Escrevo pondo de lado todos os medos, e desfruto desse acto criativo, inventando, porque a literatura é uma invenção. Com frequência os meus livros nascem de ideias abstractas que vão ganhando forma à medida que as personagens se vão dispondo e arrumando sem conflituosidade. Escrevo com o coração, reescrevo com a cabeça e, por fim, dou-lhe alma.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MULHER EM MIM


Ser mulher, Mãe, alentejana e escritora, são coisas de que me orgulho particularmente.
Enquanto mulher, vou-me atulhando de obrigações, deveres, alegrias e, de vez enquanto, por tão árdua tarefa, há algum reconhecimento que faz vibrar o sensível instrumento que é a alma feminina. Ser mulher é um sossego desassossegado, é um aconchego desaconchegado, onde ventos sopram fortes. Penso que este é um sentimento comum a todas as mulheres. Questiono-me, às vezes, de onde nos vem tanta alma, tanta harmonia.
Enquanto mãe, porventura a tarefa que mais ilumina a minha alma, são  os filhos a razão do meu viver. São geradores de energia positiva.  Através deles sinto a aragem fresca da manhã, vejo o brilhar do sol. Para quem eu não pretendo «fazer de mãe», limito-me a «ser mãe» uma espectadora atenta e interveniente quando necessário. Não há pais perfeitos nem filhos perfeitos. Não há bela sem senão, mas se calhar é o senão que nos dá tanta graça.
Enquanto alentejana, tenho como moldura, o Alentejo profundo, das imensas planícies e ocasos vermelhos. Um Alentejo que tudo dá e nada recebe. É sem duvida um amante conformado.
Enquanto escritora,  costumo dizer que gosto de brincar com as palavras: Divertidas, pacientes, tolerantes nunca reclamam da forma como as utilizo para meu bel prazer. Não passam de palavras –dizemos-  mas a mensagem que transportam, tanto pode ser um ataque à injustiça, como um apelo à compreensão dos homens.
Escrever é, por isso, para mim, um enorme prazer mas também preocupação e responsabilidade: Preocupação como forma de disciplina, responsabilidade como contrapartida de uma vida livre. Nesta acepção, o livro agora publicado “NO DORSO DO VENTO”, fala-nos de tudo isso. O que é ser mulher e mãe.
Jacinta, a personagem, viveu um amor quase impossível com admirável inteligência, reconciliando-se com a vida, com o amor e com ela própria.
«Durante meses foi um devorar de romances e quase chorava a dor das suas heroínas, tentando assim solidarizar-se com elas na sua própria dor. Pelas manhãs entrecortadas pela neblina dum frio que se entranhava no corpo, Jacinta passeava-se como o tempo: Vazia, triste e só».
Mas Jacinta venceu:
«Amo-te – dizia João incessantemente.
Estas palavras, outrora gastas, tinham agora o cheiro da maresia e a frescura das searas. Ela amava-o e confessava-o com a mesma inabalável resolução de que verdade é credora.»
Das palavras deste livro, onde me rendi à beleza das personagens, atrevo-me a dizer que devem ser lidas com emoção e prazer.

5 comentários:

  1. Pois é minha amiga!
    De tudo o que nos descreves neste pequeno texto!
    Dizes muito de ti, mas muito pouco da mulher que tu és.
    Entre linhas, cada vez mais descubro, a força, a coragem de quem brincando com as palavras vai tecendo bandeiras de Liberdade.
    Estas só erguidas por mãos fortes que nos levam a mundos novos.
    Dos sentimentos nascem as palavras!
    Das palavras formam-se frases!
    Das frases nascem os livros!
    Dos livros nasce a leitura!
    E da leitura renascem os sentimentos...
    Este, é um trajecto a percorrer para quem desejar conhecer teus livros!
    Mas digo-te amiga, vale a pena!
    Agradecida por tão sábia caminhada...
    Bem - Hajas
    Aquele abraço
    Da amiga certa
    Rosa

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  2. Amiga Rosa. Sempre amiga. Até nas palavras. Será que mereço tanto?
    Devo tudo à minha família, para quem os meus erros nunca são fracassos; aos amigos, como tu, que me apoiam e me motivam, e à própria vida que me inspira. São estes os factores de estabilidade que me orientam.
    Um grande beijinho para ti poetisa de alma grande.

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  3. Atrevo-me a dizer (o que neste tempo de crise é arriscado...) que ter amigos é melhor que ter dinheiro. O dinheiro pode fazer amigos, mas os verdadeiros são aqueles que gostam de nós enquanto pessoas. Seres autênticos e integrais que sabem dar valor às relações humanas que amam a palavra amizade e fazem de cada instante um momento único. Mana e amiga, és especial.

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  4. Irmã.Bem sei que não preciso de agradecer as tuas palavras. Ainda assim, faço-o. Obrigada. Por meio de palavras enternecedoras,(outras vezes nem tanto),vou-me libertando dos meus fantasmas. Tiro a mascara, desnudo-me sem pudor e nunca me sinto só.Estou sempre comigo.
    Alguém escreveu: "As únicas pessoas que estão connosco a vida inteira, somos nós mesmos.
    Adoro-te. Um beijo.

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  5. 1 comentários:
    Isabel Ruivo disse...
    Faz muito tempo que não te visitava. Hoje particularmeste fez-me bem ler-te. Li o teu Blog de princípio ao fim, repetidamente. Foi bom encontrar os sobrinhos de França. Parabéns. Estás muito bonita (vi as fotos do lançamento em Elvas). Bjs. da mana desnaturada mas que te admira muito. Isabel
    25 de Fevereiro de 2011 14:25

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