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Nasci em Minas de S. Domingos, uma pequena aldeia do Baixo Alentejo, no dia 19 de Maio de 1955. As minhas raízes são fortemente alentejanas. Cedo se revelou o meu gosto pela escrita. Comecei por escrever histórias, versos, poemas curtos mas longos no sentimento. Aos poucos foram crescendo, ganhando alma, criando à minha volta desejos, desnudando sentimentos onde encontrei muito para chorar. Quando escrever se tornou para mim uma dependência compreendi que era através da escrita que encontrava sossego sempre que sopros grosseiros de desordem invadiam a minha vida. Escrever é para mim um enorme prazer mas é também preocupação e responsabilidade: Preocupação como forma de disciplina, responsabilidade como contrapartida de uma vida livre. Escrevo pondo de lado todos os medos, e desfruto desse acto criativo, inventando, porque a literatura é uma invenção. Com frequência os meus livros nascem de ideias abstractas que vão ganhando forma à medida que as personagens se vão dispondo e arrumando sem conflituosidade. Escrevo com o coração, reescrevo com a cabeça e, por fim, dou-lhe alma.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

. "Escolhemos os nossos amigos por várias razões: por gostarmos dos mesmos livro, da mesma musica ou porque nos rimos das mesmas coisas. Estes amigos pela aproximação de valores, às vezes ficam connosco muito tempo mas raros são os que ficam para toda a vida. O que fica portanto são aquelas amizades que vamos fazendo ao longo da vida, que nunca exigem de nós grandes compromissos, de relação e discurso fáceis em que as palavras fluem, plenas de humor e quiçá, inteligentes.
Também são importantes. Mas por mais que o sejam, não é suficiente para fundamentar essa coisa fantástica que é termos alguém em quem confiar ou alguém que nos ofereça um "ombro" ou no socorra a um grito de desespero.
Fazer um amigo é preciso uma vida inteira.
Júlia era a amiga que Teresa pretendia para a vida inteira. Não tinha, todavia, sabido mantê-la. Não ficou atenta aos sinais, nem prestara atenção ao que “não foi dito”
Tinha prometido a Magda que procuraria Júlia quando regressasse a Lisboa. Assim fez. Telefonou primeiro.
Deparou-se, com uma amizade que se sentia traída, cheia de rancor, mostrando as garras da indiferença, furiosa por ter sido desperdiçada. A chave enferrujou de tanto esperar e a amizade, tal como a fechadura, ficou presa. Júlia não lhe explicou porque estava tão zangada e por esta altura, depois de tanto discutirem ao telefone, Teresa também já não queria saber.
Por cortesia e apenas por isso acordaram marcar um encontro mas ambas sabiam que o período de hostilidade havia recomeçado e até que não percebessem que haviam exagerado e que a irritação esfriasse, não se encontrariam ou falariam. Não sabia contudo porque, depois disto, se sentir melhor. Aquela discussão veio proporcionar-lhe alguma paz de espírito, como alguém que pensa: “eu tentei. Não podem dizer que não tentei” Teresa não de furtava a um bom confronto e tinha-o conseguido. Preferia o grito dos maus ao silêncio dos bons. Por fim concluía tão-somente isto: Júlia não fora merecedora da minha amizade”. Ponto final..."
Alice Ruivo

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