A minha foto
Nasci em Minas de S. Domingos, uma pequena aldeia do Baixo Alentejo, no dia 19 de Maio de 1955. As minhas raízes são fortemente alentejanas. Cedo se revelou o meu gosto pela escrita. Comecei por escrever histórias, versos, poemas curtos mas longos no sentimento. Aos poucos foram crescendo, ganhando alma, criando à minha volta desejos, desnudando sentimentos onde encontrei muito para chorar. Quando escrever se tornou para mim uma dependência compreendi que era através da escrita que encontrava sossego sempre que sopros grosseiros de desordem invadiam a minha vida. Escrever é para mim um enorme prazer mas é também preocupação e responsabilidade: Preocupação como forma de disciplina, responsabilidade como contrapartida de uma vida livre. Escrevo pondo de lado todos os medos, e desfruto desse acto criativo, inventando, porque a literatura é uma invenção. Com frequência os meus livros nascem de ideias abstractas que vão ganhando forma à medida que as personagens se vão dispondo e arrumando sem conflituosidade. Escrevo com o coração, reescrevo com a cabeça e, por fim, dou-lhe alma.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"TODA A GENTE É PESSOA"




« O valor das coisas não está no tempo que duram 
mas na intensidade com que elas acontecem.
Por isso existem:
Momentos inesquecíveis,
Coisas inexplicáveis
E pessoas incomperáveis»

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MULHER EM MIM


Ser mulher, Mãe, alentejana e escritora, são coisas de que me orgulho particularmente.
Enquanto mulher, vou-me atulhando de obrigações, deveres, alegrias e, de vez enquanto, por tão árdua tarefa, há algum reconhecimento que faz vibrar o sensível instrumento que é a alma feminina. Ser mulher é um sossego desassossegado, é um aconchego desaconchegado, onde ventos sopram fortes. Penso que este é um sentimento comum a todas as mulheres. Questiono-me, às vezes, de onde nos vem tanta alma, tanta harmonia.
Enquanto mãe, porventura a tarefa que mais ilumina a minha alma, são  os filhos a razão do meu viver. São geradores de energia positiva.  Através deles sinto a aragem fresca da manhã, vejo o brilhar do sol. Para quem eu não pretendo «fazer de mãe», limito-me a «ser mãe» uma espectadora atenta e interveniente quando necessário. Não há pais perfeitos nem filhos perfeitos. Não há bela sem senão, mas se calhar é o senão que nos dá tanta graça.
Enquanto alentejana, tenho como moldura, o Alentejo profundo, das imensas planícies e ocasos vermelhos. Um Alentejo que tudo dá e nada recebe. É sem duvida um amante conformado.
Enquanto escritora,  costumo dizer que gosto de brincar com as palavras: Divertidas, pacientes, tolerantes nunca reclamam da forma como as utilizo para meu bel prazer. Não passam de palavras –dizemos-  mas a mensagem que transportam, tanto pode ser um ataque à injustiça, como um apelo à compreensão dos homens.
Escrever é, por isso, para mim, um enorme prazer mas também preocupação e responsabilidade: Preocupação como forma de disciplina, responsabilidade como contrapartida de uma vida livre. Nesta acepção, o livro agora publicado “NO DORSO DO VENTO”, fala-nos de tudo isso. O que é ser mulher e mãe.
Jacinta, a personagem, viveu um amor quase impossível com admirável inteligência, reconciliando-se com a vida, com o amor e com ela própria.
«Durante meses foi um devorar de romances e quase chorava a dor das suas heroínas, tentando assim solidarizar-se com elas na sua própria dor. Pelas manhãs entrecortadas pela neblina dum frio que se entranhava no corpo, Jacinta passeava-se como o tempo: Vazia, triste e só».
Mas Jacinta venceu:
«Amo-te – dizia João incessantemente.
Estas palavras, outrora gastas, tinham agora o cheiro da maresia e a frescura das searas. Ela amava-o e confessava-o com a mesma inabalável resolução de que verdade é credora.»
Das palavras deste livro, onde me rendi à beleza das personagens, atrevo-me a dizer que devem ser lidas com emoção e prazer.

ANSIEDADE

Sob a crosta da terra, havia um muro que separava  o Homem de outros Homens  e a Terra de outras Terras. A luz não penetrava e os homens eram curvados ao peso de uma força que os oprimia.
Mas os  homens saíram, tocaram coisas e seres que sentiram.
Agora, tudo os une: A terra e o Céu.
Encontraram livros para ler e lutas por decidir. Retomaram a esquecida força e com ela fundiram pedras e metais. E com os  clarões que viriam a ser dia, deferiram a música revolta elevando, aos céus, a POESIA.

domingo, 19 de dezembro de 2010

POEMA À AMIZADE

AMIZADE! Nobre sentimento. Harmonioso, belo, de contornos indefinidos.... São as obras que criamos, os sonhos que realizamos, os amigos que fazemos... e a humildade de pensamento, que faz da amizade um tão nobre sentimento.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PENSAMENTO DO DIA



Se me perguntassem o que quero da vida,
responder-lhes-ia que dela nada sei!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

VIDA E MORTE


É controversa a questão de saber onde está a vida e onde está a morte pois ambas (a alma envolvida com a natureza do espírito desligado do mundo) alegam, cada qual a seu modo, ser a «água da vida» e cada um acusa o outro da transação com a morte.
A meu ver, ambas têm razão porque nem a natureza sem o espírito, nem o espírito sem a natureza, pode verdadeiramente ser chamado de vida.
O mistério e a silenciosa esperança de Deus consistem, talvez, na união de ambos na simples interpretação dos dois princípios, na santificação de um pelo outro, resultando dai uma humildade favorecida com a bênção dos céus e das profundezas.
Interrogações, escutas, procuras, complicadas e amargas lucubrações sobre o verdadeiro e o justo, o «donde» e o «para onde» tudo nos traz desassossego e dignidade, mas permite-nos com um ternura infantilmente ousada, reconhecer o sinal do espírito.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OS NADAS QUE SÃO MUITO


Há pequenos “NADAS” que são muito e há grandes “MUITOS” que nada são.
Os cheiros, a consciência, o conhecimento, a dor, o instinto, a tormenta, a tristeza e a alegria.
A primavera: Sempre lustrosa, flor-de-cardeal, a despontar para a nossa juventude;
O Verão: Estival, quente, excitante;
O Outono: Sinónimo de declínio, decadência, mas tão autêntico;
O Inverno: Brumal, frio, tempestuoso, mas de natureza intransigente.
E se em vez do pequenos “NADAS” que são muito preferires os “MUITOS” que nada são, chora, lamenta a tua existência porque ao desprezares, RINDO, dos pequenos nadas com que a natureza te brinda, no final, quem se vai rir de ti, 
É A VIDA…

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A UMA AMIGA

Rosa Dias não é só poetisa
é mulher humilde da terra nascida
é ternura encantada e sentida
é Ser humilde na vida vivida.
Poetisa o seu Alentejo
como quem beija Nossa Senhora
e o sol que as planicies queima
e o verde que às vezes teima,
aparece na sua poesia
como algo que nos acena.
Ao clamar as suas origens
e a humildade que nela pôe,
Rosa Dias é a mulher
que o Alentejo poeta gostaria de ter
um dia como sua Mãe.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Para Joana Leal Ilustre artesã de Elvas

Porque fazes do sonho realidade,
Na tua realidade nunca estás só.
Por entre linhas e bordados,
Trapos velhos sem idade
E pontos que dás sem nó.
Para cada ponto que dás,
Encontras sempre razão.
Do novo fazes velho
E o velho novo parece
Quando sai das tuas mãos.


VELHO NATAL EM BELÉM

Em tempos longínquos, em Belém, no branco Natal de pedra, Pai e Mãe, beleza divina e singular, celebram o nascimento de seu Filho, enrolado em panos brancos, singelos aquecido pelo bafo das bestas.
Em tempos longínquos, em Belém, nascem outros Natais, outros meninos na sua graça alva de bondade. Recebem visitas, presentes e as estrelas poisam sobre eles, lembrando que todos são filhos de Deus.
Mas HOJE, em Belém, já não nascem meninos. Apenas filhos de Deus. Já não celebram o Natal de outrora e as festas de famílias perdem-se no tempo… Em lugar de panos brancos, singelos vestem fardas de guerra e as estrelas, o bafo das bestas são sufocados pelo barulho das armas.
HOJE, em Belém, apenas o doce afago maternal lembra que há sóis de madrugada por nascer.
Apenas os anéis fortes de seus braços e o calor que do seu corpo vem, lembram que todos têm MÃE e NATAL também…

VOTOS DE UM SANTO NATAL PARA TODOS

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

QUANDO O TEMPO NOS TRAI

Observamos a velhinha a apanhar sol… as velhinhas são como os lagartos: Gostam de sol.
Rimo-nos da mulher feia, emproada, snob que em jeito de matraca pronunciava palavras caras.
Vimos a mulher negra, bonita, alongando-se no discurso e nas palavras: não fora tão longa no discurso e a mulher negra e bonita, teria sido quase perfeita. Observamos os nossos maridos, enfadados e o teu, de colarinho mal amanhado, que tanto te incomodou, esforçando-se por apreciar.
Mas, pela primeira vez te senti afastada da poesia. Reparei como nos privaste de a ouvir, no teu tom macio, leve, mas forte.
Procuraste o teu neto que insistia em comer todos os bolos e, sempre atenta, quiseste acompanhar a Elsa. A Elsa tinha de chegar ao carro, com segurança…
Nesta permanente luta de preocupação com os outros, esqueceste-te de ti.
Sentaste-te numa cadeira e ali ficaste… levavas a mão ao peito.
O teu marido, estava naquela atitude de mostrar coragem, porem, quanto mais se esforçava, mais se notava a desorientação e a palidez de rosto que dele se apoderavam. Marchou depois com o meu marido rua acima tentando ir ao encontro da ambulância que tardava em chegar.
Que medo tive! Corri rua abaixo, perguntando em voz alta e aflita se havia no recinto (feira do livro) um transeunte, médico que te pudesse socorrer. Porque eu, boa amiga, não sabia que fazer.
Falava contigo para te ter presente. Não queria que te afastasses. Tentava animar-te.
- Rosa. Lembraste da mulher feia? Tão feia assim, só pode ter sido resultado de um aborto mal feito. Ou então "malmente" concebida na traseira de um autocarro. Efeitos da trepidação...
Riste-te.
- Alice. Disseste - só tu é que me fazias rir numa altura destas. Mas dói-me tanto o peito e começa a faltar-me o ar. Dizias repetidamente.
Estou com frio. Disseste. Despi o meu casaco e aconcheguei-o nas tuas costas.
Ficaste silenciosa.
E senti que fugias, que te afastavas, tal como tinha sentido que o fizeras horas antes com a poesia.

ULTIMA MISSÃO

Estive, no dia 29 de Novembro, na apresentação do livro de José de Moura Calheiros, “A ÚLTIMA MISSÃO”. O Grande auditório da Academia Militar, na Amadora encheu-se de Veteranos de Guerra e todos se emocionaram com a consistência das opiniões formuladas pelo Autor, que resolveu abrir a sua gaveta de recordações e partilha-las com todos os presentes, através da sua obra. São 638 páginas com uma boa escrita, fotografias e muita consistência. É uma peça memorialística sobre as campanhas no Ultramar, com um fio condutor que é a transladação para Portugal de três soldados pára-quedistas mortos em combate na Guiné-Bissau.
É um livro apaixonante e livre de querelas ideológicas.
A apresentação esteve a cargo de António-Pedro  de Vasconcelos.
Parabéns Cor. Paraq. Calheiros