Pequeno texto do meu próximo livro FLOR DE CARDO
...desci a escada seguido por Romeu, um labrador adulto de cabeça gigante de pelo magnífico preto de azeviche.
Pedia-me festas, parei e ele exibiu a sua habilidade de campeão olímpico de salto em altura, preparando-se para pousar as patas nos meus ombros. «não vês que me sujas romeu. Hoje é o casamento do nosso menino. Vai ter com ele. Vai gostar de te ver». Obedeceu. Francisco fez-lhe uma festa no focinho e ele emitia gritos dilacerantes de alegria, limpando-lhe com a língua a cara e as orelhas enquanto fustigava o ar com a cauda peluda.
Segui-o até ao jardim onde o Francisco, já pronto, contemplava o belíssimo chão azul da piscina daquela casa que eu construíra com esforço e trabalho.
Adorava a minha casa e tudo o que ela representava. A casa mais do que um simples objecto, era o centro humano da minha família. Nela guardava agora a intimidade do meu ser, transportando para ela memórias de protecção, revivendo o seu calor, sendo certo que deixarei para os meus filhos a casa natal que eu nunca tive e o que dela me lembrava, não passava de um espaço de solidão, decepcionante. Uma infância melancólica de miséria efectiva. Essa ausência deixou marcas até á vida adulta. Dentro desta casa natal, que vê, vela, vigia e espera, os meus filhos podiam sonhar a infância, sonhar o refúgio, o ninho, e alojar-se no seu espaço de felicidade, enquanto eu a sentia como o centro cósmico que alimentava os meus devaneios poéticos...
...desci a escada seguido por Romeu, um labrador adulto de cabeça gigante de pelo magnífico preto de azeviche.
Pedia-me festas, parei e ele exibiu a sua habilidade de campeão olímpico de salto em altura, preparando-se para pousar as patas nos meus ombros. «não vês que me sujas romeu. Hoje é o casamento do nosso menino. Vai ter com ele. Vai gostar de te ver». Obedeceu. Francisco fez-lhe uma festa no focinho e ele emitia gritos dilacerantes de alegria, limpando-lhe com a língua a cara e as orelhas enquanto fustigava o ar com a cauda peluda.
Segui-o até ao jardim onde o Francisco, já pronto, contemplava o belíssimo chão azul da piscina daquela casa que eu construíra com esforço e trabalho.
Adorava a minha casa e tudo o que ela representava. A casa mais do que um simples objecto, era o centro humano da minha família. Nela guardava agora a intimidade do meu ser, transportando para ela memórias de protecção, revivendo o seu calor, sendo certo que deixarei para os meus filhos a casa natal que eu nunca tive e o que dela me lembrava, não passava de um espaço de solidão, decepcionante. Uma infância melancólica de miséria efectiva. Essa ausência deixou marcas até á vida adulta. Dentro desta casa natal, que vê, vela, vigia e espera, os meus filhos podiam sonhar a infância, sonhar o refúgio, o ninho, e alojar-se no seu espaço de felicidade, enquanto eu a sentia como o centro cósmico que alimentava os meus devaneios poéticos...
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